A importância da gestão do capital para o desenvolvimento da capacidade de inovar em empresas brasileiras
Discente: Ayrton Tetsuo Shimizu;
Orientador: Msc. Eunápio Cosmo Dutra;
Centro Universitário do Pará – CESUPA.
O presente artigo explana a utilização do Capital Social como ferramenta para estimular e desenvolver a inovação em organizações contemporâneas, pois, verificou-se que, com a crescente complexidade em que o mercado se tornou, manter uma linha de pensamento linear é fadado ao fracasso e, como alternativa para esta lacuna, propõe-se um pensamento exponencial voltado à variável fundamental numa organização: as pessoas. E, a partir delas, otimizar o desenvolvimento da mesma.
Para fomentar o artigo, os autores descrevem os modelos de gestão até então utilizados e realçam que o Capital Social passou a ser considerado um ativo intangível e estratégico na obtenção da capacidade de inovar nas organizações do séc. XXI. Pois, diante deste cenário, ele passou a ter uma nova competência: gerir o Capital Social como fonte de inovação (SOARES E STOECKICHT, 2010).
A construção dos modelos apresentado dividem-se por períodos, compreendendo deste a década de 50 até os dias atuais e nas três primeiras décadas, prevalecia à visão linear nos processos produtivos, bem como na inovação.
Assim, na década de 50 prevaleceu um modelo onde às organizações ditava o que produzir e jogavam para o mercado, sem, ao menos, ter conhecimento das necessidades dos consumidores. A ênfase consistia em “onde” produzir e a inovação estava ligada P&D2 e se acreditava que quanto mais dela se havia, mais inovação teria. Além disso, o mercado consistia num mero escoadouro que recebia os frutos da P&D (COUTINHO, 2004).
Percebendo que o mercado ganhara “força” nas décadas seguintes e que atender as necessidades do mercado consistia na válvula de escape, as organizações passaram a atender as suas exigências e a ênfase passou a ser “como” o mercado determinava o desenvolvimento de produtos e serviços ofertados. Nesse contexto, a inovação era tida como suprimento das necessidades do mercado e/ou possíveis problemas operacionais e o mercado forneciam as ideias que direcionava o P&D. Até fins da década de 70 prevaleceu a concepção linear de produção, embora essa tenha se desenvolvido.
O modelo anterior não conseguia suprir a articulação das necessidades da sociedade com o mercado, aliado aos avanços da ciência (SOARES E STOECKICHT, 2010). Assim, buscou-se outra forma de valorizar o Capital Social para a inovação e preencher essa lacuna fez quebrar o antigo paradigma de gestão que vigorava e consistia na ênfase de interações mais complexas e dinâmicas nas fases do processo de inovação. A então P&D que não era pró-ativa, passou a se integrar com outras áreas da organização, como marketing e produção.
Assim, hierarquicamente, as organizações passou do modelo vertical para o circular em suas dinâmicas e percebeu-se que qualquer pessoa ou departamento poderia inovar. Diante dessa integração, fez-se necessário capturar, sistematicamente, qualquer indício que pudesse extrair a capacidade de inovação para as organizações. Logo, a importância da participação das pessoas passou a ser fundamental nos processos de inovação e, mais ainda, no que tange à contribuição que daria com todo o seu know-how.
Continuando nessa perspectiva, na década de 90, a gestão volta-se para os recursos existentes nas organizações e a inovação passa a envolver a Gestão Estratégica do Capital Intelectual, o que, Stewart (2002), chama de ativos intangíveis. A intenção é elaborar estratégias onde as organizações pudessem explorar a tecnologia e demais recursos para desenvolver novos produtos, serviços e competências. Além disso, a competitividade e o sucesso a longo prazo passou a consistir na capacidade da organização em gerar conhecimento, transformando-o num valor para o mercado e evitando a evasão do conhecimento estratégico, restringindo-o de eventuais seguidores e replicar com rapidez as inovações de competidores (COUTINHO, 2004).
Assim, diante da necessidade de suprir o mercado, a Gestão por Competência está sendo utilizada como ferramenta e aloca as pessoas às funções de acordo com suas competências. Pois, as organizações preocupam-se em oferecer um clima organizacional propício ao compartilhamento do conhecimento, capaz de desenvolver a inovação nos seus colaboradores, tanto direto quanto indireto, e a inovação é tida, nesse cenário, como um potencial para as organizações no que tange a criação e disseminação de conhecimentos, com o propósito de agregar em novos produtos, processos e serviços.
De acordo com Soares e Stoeckicht (2010, p.27) apud Jonash&Sommeerlate (2001): “o principal papel dos gestores está em identificar estes recursos e determinar se e como serão utilizados para fomentar a aprendizagem organizacional e a inovação, sustentada por uma clara estratégia de inovação, alinhada à visão estratégica da empresa”.
A busca por novos modelos de gestão consiste em desenvolver, conjuntamente, com seus steakholderes e pautam na sustentabilidade, aliada à inovação, à tecnologia, as competências e aos talentos, com o propósito de otimizar a aprendizagem organizacional, aperfeiçoar o seu desempenho e alavancar o crescimento de determinado portfólio de inovações.
Posterior a isso, os autores abordam a Gestão do Capital Intelectual para desenvolver a capacidade de inovar. Neste aspecto, eles afirmam se baseiam em diversos autores, dentre eles Drucker (1993), para discorrer sobre a vantagem competitiva e, complementam,
enfatizando o Capital Intelectual como princípio da capacidade inovadora e, a partir desse, é tido como importante ferramenta para inovar. Os autores citam diversos outros autores para fundamentar o artigo, dentre eles, é primordial destacar o conceito de Capital Intelectual proposto por Stewart (2002, p. 38): “(...) ativos do conhecimento que contemplam talentos, habilidades, know-how, know-what e relacionamentos, assim como as máquinas e redes que os incorporam – utilizados para criar riquezas”.
Em seguida é tratado sobre o Capital Social, este tido como um novo ativo intangível, descrito nos termos da Teoria do Capital Social, proposta por Putnam (2001) e Coleman (1990), e complementada pela diversa literatura sobre o tema. É apresentado que ele representa uma rede de relacionamentos baseada na confiança, cooperação e inovação que os indivíduos desenvolvem dentro e fora da organização, criando um valioso ativo intangível para as organizações: a rede humana de trabalho.
No que tange à importância do Capital Social para a inovação nas organizações consiste no conhecimento individual e organizacional que os seus steakholderes podem agregar no negócio ao desempenhar funções fundamentais nos processos de inovação.
É interessante a colocação que Thomas&Cross (2009, p. 84) fazem relacionando o líder à inovação:
Os líderes precisam adotar medidas para estimular a inovação ao longo de trajetórias específicas, a partir de iniciativas individuais ou baseadas em equipes, para atividades que reformulem as redes. Em vez de somente isolar equipes e demandar inovações, os líderes podem identificar inovações substanciais por intermédio das redes internas e externas das suas organizações.
Direcionando as empresas brasileiras, as organizações que aderiram estratégias de inovação voltadas ao seu Capital Social se destacaram e deram sustentabilidade em seus negócios nos últimos anos. Verificou-se que o Capital Social tornara um ativo intangível estratégico no sentido da capacidade de inovar e este deve ser gerenciado por estratégias de inovação claramente determinadas.
Em suma, diante de um cenário cada vez mais à procura da inovação, o Capital Social é tido como um ativo intangível crítico para as organizações do século XXI, pois a qualidade nos relacionamentos organizacionais, aliada a capacidade de construí-lo, que promova a cooperação necessária que sustente os processos de inovação nas organizações, torna-se uma competência diante dos novos cenários competitivos e deverá ser alicerçada por uma estratégia organizacional bem definida.
REFERÊNCIAS
1 SOARES, Carlos Alberto Pereira; STOECKICHT, Ingrid Paola. A IMPORTÂNCIA DA GESTÃO DO CAPITAL PARA O DESENVOLVIMENTO DA CAPACIDADE DE INOVAR EM EMPRESAS BRASILEIRAS. INGEPOR (Inovação, Gestão e Produção). Outubro, 2010. Vol. 02, nº 10.
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